[Resenha] - Livro: Bom dia, Sr. Mandela


O livro "Bom dia, Sr. Mandela", escrito por Zelda la Grange e editado pela Novo Conceito, é um relato autobiográfico de uma assessora que acompanhou Nelson Mandela durante muitos anos.

A autora deixa claro que o livro não é uma biografia de Mandela, mas o relato do encontro de suas vidas. No processo de transição, após o fim do apartheid na África do Sul, quando Mandela saiu da prisão e se tornou presidente, Zelda foi contratada pelo governo para ser datilógrafa.

A escritora - que é branca - conta que foi criada para manter-se longe dos negros, como se não pudesse conviver com eles. A descrição da infância dela é importante para o entendimento da política separatista. Por isso, ela lidava com o novo presidente com desconfiança, mas disse que jamais desrespeitou sua autoridade. Segundo la Grange, os brancos temiam que um negro no poder "se vingasse" dos anos de separação.

Com o passar do tempo (e com os esforços de Mandela para a união dos povos), Zelda viu que tudo isso era uma bobagem. Aproximando-se cada vez mais do presidente, ela admirava todo o esforço dele em transformar o país. Ela se tornou braço direito de Mandela, acompanhando o ganhador do Nobel da Paz em viagens, eventos e reuniões. Essas ocasiões são descritas de forma bastante detalhada.

O relato de Zelda é importante para entender o contexto do fim do apartheid. As coisas demoraram a mudar e, é claro, até hoje o país sofre com os reflexos do regime. Ao abordar o tema de maneira tão pessoal, o leitor brasileiro consegue ir bem além daquilo que é tratado em sala de aula. Na escola, o assunto não é aprofundado e ler esse tipo de livro contribui para uma melhor compreensão.
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Opinião: As fotos e as curiosidades foram muito interessantes. A capa, com uma foto da mão de Mandela entre as mãos de Zelda, é linda. A amizade e o companheirismo dos dois são impressionantes. O texto, no entanto, me pareceu repetitivo. Não sei se por culpa da tradução ou se por escolha da autora. Zelda, sem dúvida alguma, amava Mandela. Apesar de o texto ser quase um relato de devoção, ela foi capaz de mostrar o lado humano - com medos e falhas - do líder humanitário. 

Avaliação: 

Mandela e Zelda. Crédito: Oryx Media Archive/Gallo Images/Getty

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